sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

:: Neste Reino Quem Manda é o Príncipe.


:: Mesmo distante, é muito fácil saber quem os EUA consideram inimigos de ocasião apenas ligando a TV a Cabo. Eles estão lá na HBO, no Telecine, na FOX ou na Warner. A indústria cinematográfica usa seu lobby e poder de broadcast para dizer ao público - "esses são nossos problemas". Se nos anos 80 os adversários eram sempre terroristas líbios, nos anos 90 eram traficantes de drogas e na década passada a bola da vez foram os árabes e os persas, uma ameaça à paz no mundo vem sendo tratada de modo especialmente venenoso mas, curiosamente, com muito pouco impacto na cultura popular - Exércitos de Aluguel. Comece a prestar atenção em filmes/séries como "State of Play", "A-Team" ou "24", "The Unit" e "Jericho".



E, pelo menos dessa vez, há um bom motivo para isso - assim como contratos de espionagem privada já representam dois terços do orçamento de inteligência americana, no âmbito militar negócios milionários e poder sem igual vem sendo dado a corporações paramilitares que, sendo empresas, seu único objetivo é o lucro e não necessariamente o fim de um conflito. O exemplo mais famoso é a BlackWater Worldwide.



Fundada por Erik Prince, de família rica mas treinado como Navy SEAL, a Blackwater faz parte da força de manutenção de guerra em praticamente qualquer conflito em que os EUA estejam metidos arrecadando desde 2001 600 milhões de dólares em contratos com a CIA, 488 milhões em contratos com Departamento de Estado e estavam na força-tarefa do furacão Katrina custando em torno de 240.000 dólares por dia aos cofres públicos. Por seu maquinário e poder de fogo a Blackwater é considerada a empresa de mercenários mais poderosa do mundo.

Até aí, nada de mais. Não fosse o fato da Blackwater (como todas as outras) ter a mentalidade das empresas automobilísticas da década de 80 - muito trabalho e pouco investimento na qualidade. Em outras palavras - seu exército é formado pelo refugo do refugo militar americano. Tudo aquilo que a Marinha cuspiu de suas fileiras ou que serviu o exército apenas para conseguir dar baixa e entrar numa dessas firmas. O resultado não poderia ser diferente - assassinato, massacres, ações ilegais sem direito a perseguição legal dos envolvidos e o ódio anti-americano gerado pelas incursões no Iraque, Afeganistão, Paquistão e - agora - na Somália. Em alguns países em conflito a Blackwater já foi proibida de botar os pés pelo caráter duvidoso de toda a corporação.



A empresa virou um embaraço pro governo estaduniense que apesar de levá-la ao Congresso várias vezes para se explicar, muito pouco pôde fazer e até mesmo Barack Obama, que não tinha nada a ver com o assunto, está pagando o pato e a língua pois acaba de deixar a CIA assinar mais de 100 milhões de dólares em novos acordos com a empresa, que mudou seu nome para Xe Services. É como diria Prince, aquele outro, you don't have to be cool to rule my world.
 
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