sexta-feira, 20 de agosto de 2010

:: Not In NY Backyard


:: Existia até poucos dias atrás uma mesquita islâmica em Hamburgo de nome Masjid Taiba. Mas há quase 10 anos ela é mais conhecida pela mídia como "Mesquita 11/9". A razão para isso é que ela abrigou durante um certo período alguns dos sequestradores dos aviões que se chocaram com o WTC naquela dia que você sabe qual. Relatórios de inteligência acreditam que novamente o lugar de adoração a Allah estava sendo usado por extremistas, então o governo alemão resolveu fechá-la para sempre.

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Do outro lado do mundo, ou mais especificamente a dois quarteirões do Ground Zero, um centro comunitário que ainda nem está pronto é alvo da polêmica do momento em New York. A razão é simples e complicada ao mesmo tempo - é também uma mesquita muçulmana que recebe apoio de Barack Obama e o próprio Prefeito de NY, Michael Bloomberg. Segundo a TIME e a The New Yorker, a maioria quase absoluta da população reprova a construção do centro - ou "The Ground Zero Mosque", como foi apelidado - tão próximo do local que representa o evento catalisador do atoleiro em que os EUA se meteram.

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Religião à parte, é fato e conhecimento público que locais de adoração islâmicos podem se tornar ninhos de extremistas em qualquer país. Líderes islâmicos de Inglaterra, Alemanha, Marrocos e até mesmo nos EUA tentam manter longe qualquer fiel que possa representar perseguição de sua fé. Óbvio, alguns não tem sucesso e outros são simplesmente coniventes, às vezes até estimulam. No Marrocos, mais de 1500 mesquitas estão sob investigação e umas 200 já fecharam as portas. Então, a discussão de Gustavo Chacra em sua coluna hoje no Estadão tenta responder: os americanos estão corretos ou estão sendo islamofóbicos?

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Dificilmente.

Acredito que a verdadeira razão esteja numa antiga expressão chamada "NimBy", algo que a sociedade americana tem em comum com a brasileira. Todos acham que a solução para o crime pode estar na construção de mais prisões - desde que não seja na minha rua. O povo precisa de centros de ajuda a dependentes químicos e recuperação de ex-presidiários - mas não no meu quarteirão. Para a sociedade americana (e a nossa) você pode construir qualquer instituição de ajuda social como casas de baixíssimo custo para os Sem-Teto... mas não no meu quintal... Not In My Backyard.

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Se o cidadão americano não suporta nada que simbolize a infinitesimal e improvável possibilidade de risco para si e os seus em troca do bem-estar do próximo como prisões, abrigos ou rehabs perto de casa, não é uma mesquita onde infiltrados (apenas em teoria) poderiam se reunir e planejar novos ataques aos preciosos McDonald's e Starbucks que iriam levar numa boa e com o coração aberto, generoso.


2 comentários:

  1. "é fato e conhecimento público que locais de adoração islâmicos podem se tornar ninhos de extremistas em qualquer país. Líderes islâmicos de Inglaterra, Alemanha, Marrocos e até mesmo nos EUA tentam manter longe qualquer fiel que possa representar perseguição de sua fé".

    Curiosamente, os EUA, que historicamente são um contínuo celeiro de fundamentalistas presentes nas mais diferentes esferas da sociedade, não recebe esse tipo de designação. Como se extremistas não possam existir em outras circustâncias que não ligadas ao Islã.

    Fazer isso com o Islã é uma grande distorção da realidade. Infelizmente atrelam a todos os muçulmanos, o comportamento extremista de grupos minoritários como o Talibã. 1500 mesquistas sob investigação...quem está investigando? Os EUA? A UE? A CIA? O FBI? O Mossad? Quem?

    As coisas que chegam ao Brasil e vários outros rótulos que querem atrelar ao Islã mundo afora são distorcidos e representam uma fatia que está longe de ser a maior parte do bolo. A imagem que se constrói do Islã é equivocada e cruel. Inúmeros Líderes Islâmicos são muito mais liberais e pacíficos do que a igreja católica que com suas pedofilias e paredes cobertas de ouro espoliado ao longo da história, ainda mantêm o Papa usando seu penico aurifulgente.
    Extremismo é o que foi praticado pelos EUA ao financiar a Ditadura no Brasil e Chile, ao bombardear Vietna e Camboja e ao promover a xenofobia.
    E nao me leve a mal, mas dizer que é conhecimento público que Mesquitas podem se "tornar ninhos de extremistas em qualquer país" é algo inócuo. Conhecimento público de quem? Baseado no que?

    http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2010/08/14/clerigos-muculmanos-liberais-pregam-contra-extremismo-em-retiros-piqueniques-na-inglaterra-917396439.asp

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  2. :: Bruno... quando menciono "conhecimento público" eu quero dizer que a informação já chegou aos meios de acesso de informação tradicionais. Todas as mesquitas fechadas, inclusive a "11/9" em Hamburgo foram consideradas abrigos de extremistas conhecidos. Por exemplo, Mohamed Atta, Marwan al-Shehhi, e Ziad Jarrah.

    Outro que ainda está vivo só porque não conseguiu visto americano dias antes do 11 de Setembro foi colega de quarto de Mohamed Atta, um dos mentores de 11 de Setembro. Pregadores de ódio vem sendo monitorados pelo Mi-5 na Inglaterra,mas isso é assuntopra outro post.

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    Um segundo assunto para OUTRO post é a relação privilegiada que a Igreja Católica mantém com o poder e como sua máquina de propaganda usa contrainteligência desinformação para acobertar as indiscrições ou amenizar sua intolerância religiosa mundo afora.

    Continue por aqui e talvez verá.

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